Mulheres Naturalistas no Século XIX

A atuação das mulheres naturalistas, no século XIX foi tema do Enem 2021. O tema é importantíssimo, considerando o protagonismo feminino nas ciências. Vamos entender a questão!

a) afirmação da igualdade de gênero.

b) transformação dos espaços de lazer.

c) superação do pensamento patriarcal.

d) incorporação das estratificações sociais.

e) substituição das atividades domésticas.

Lady Charlotte Canning

Charlote Canning (Condessa Canning) foi uma aristocrata britânica. Em 1835, ela se casou com Charles Canning e, no ano seguinte, ele foi eleito para o Parlamento Britânico. Em janeiro de 1856, Lord Canning foi nomeado Governador Geral da Índia e o casal fixou residência em Calcutá. Por conta da sua posição social e política, Lady Canning passava longos períodos sozinha e buscou na botânica e na arte uma forma de produzir. Enquanto viajava com seu marido pelo território indiano, ela coletava flores e plantas diversas, registrando seus aspectos e características. Além disso, ela enviava notícias sobre suas pesquisas para a Rainha Vitória.

 Mulheres no campo científico

A questão do Enem aborda a participação feminina limitada no campo científico, especificamente, nas expedições naturalistas do século XIX. Segundo o texto, mulheres como Lady Charlotte Canning até faziam registros e pesquisas, coletando espécimes botânicos. Porém, faziam, principalmente, como esposas e acompanhando seus maridos. Em outras palavras, mulheres como Lady Canning desenvolveram seus conhecimentos científicos não porque eram prioridade. Mas, por força das circunstâncias, já que estavam acompanhando os maridos em seus próprios projetos.  

A alternativa correta: incorporação das estratificações sociais.

A letra “D” é a alternativa mais adequada. O texto demonstra como as mulheres eram relegadas a um papel secundário no campo científico daquele período, por causa das estruturas sociais. A sociedade patriarcal do século XIX impunha restrições às mulheres, limitando suas oportunidades de atuação profissional e intelectual. Portanto, a participação delas na ciência era frequentemente condicionada ao papel de esposa e mãe, reforçando as desigualdades baseadas no sexo feminino e na hierarquia social.

As alternativas incorretas:

(a) afirmação da igualdade de gênero: Não há referência à igualdade de gênero. Por outro lado, o texto evidencia a desigualdade e a restrição de oportunidades para as mulheres.

(b) transformação dos espaços de lazer: A questão se debruça sobre a participação feminina no campo científico e as barreiras que enfrentavam. Desta forma, não há menção ao lazer.

(c) superação do pensamento patriarcal: Pelo contrário, o trecho demonstra a persistência do pensamento patriarcal no século XIX, que limitava a participação feminina na ciência.

(e) substituição das atividades domésticas: Embora algumas mulheres participassem de expedições científicas, isso não significava a substituição de suas responsabilidades domésticas, independente da classe social.

Mulheres cientistas neste contexto histórico

No século XIX, a ciência era um campo dominado por homens. Desta maneira, as mulheres enfrentavam inúmeras barreiras para ingressar e se destacar no meio. Naquele contexto, a sociedade patriarcal ditava o papel da mulher como cirscunscrito ao de esposa e mãe. Então, cabia às mulheres os cuidados com a casa e com a criação dos filhos. Por isso, a educação feminina era limitada e focada em habilidades consideradas adequadas para o casamento e a vida familiar.

A despeito das dificuldades, algumas mulheres conseguiram se destacar na ciência. No entanto, não sem enfrentar preconceitos e discriminação de forma que suas conquistas eram frequentemente minimizadas, ignoradas ou apropriadas por homens. Neste sentido, a história da ciência é repleta de exemplos de mulheres intelectuais e de pensamento brilhante que foram marginalizadas e tiveram suas contribuições apagadas. Sendo assim, a luta por igualdade entre homens e mulheres na ciência é um processo histórico e que ainda impõe desafios na atualidade.

Mulheres Viajantes e Naturalistas do Século XIX na América Latina

Outras mulheres se destacaram ao longo do século XIX, relatando seus conhecimentos e experiências em viagens. Neste contexto, Flora Tristan (1803-1844) e Marianne North (1830-1890) percorreram territórios na América Latina e atuaram em diferentes frentes de produção científica.

Flora foi uma escritora e ativista social francesa. Ela viajou pelo Peru em meados do século XIX, a princípio, em busca da herança paterna. Ao longo da sua estadia, Flora registrou sobre a sociedade peruana, considerando a condição das mulheres e a luta dos povos indígenas. Desta forma, sua obra é pioneira na crítica social e no feminismo. 

Por sua vez, Marianne North, foi uma pintora botânica britânica, viajou sozinha por diversos países, incluindo o Brasil, Chile e Jamaica. Suas pinturas detalhadas de plantas e flores são reconhecidas por sua precisão científica e beleza artística. Sua coleção de pinturas está exposta na Marianne North Gallery, nos Jardins Botânicos Reais de Kew, em Londres.

Em resumo, Lady Canning, Marianne North e Flora Trista, cada qual a sua maneira, enfrentaram inúmeros desafios e preconceitos para realizar suas pesquisas e registrar seus conhecimentos. Ao mesmo tempo, é inegável que suas contribuições para a ciência e a história são inestimáveis. Assim, o estudo de suas biografias é inspirador. 

A obra de Flora Trista “União dos operários” está disponível em português neste link.