Francisca Diniz

Na segunda metade do século XIX, no Brasil Imperial, a palavra “emancipação” era amplamente difundida por Francisca Senhorinha da Motta Diniz no jornal “O Sexo Feminino”. Francisca Diniz foi uma figura de destaque no cenário intelectual e jornalístico do século XIX no Brasil. Ela foi professora na Escola Normal da cidade de Campanha. Ao se mudar para a Corte, continuou sua atuação na área da educação e fundou um Colégio e uma Escola Doméstica. Para ela, a emancipação feminina deveria ser viabilizada por meio da educação.

Por Desconhecido - https://rainhastragicas.com/2015/11/21/as-jornalistas-do-seculo-xix/, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=77678438
Francisca Senhorinha Diniz. Fonte: Wikipedia

Francisca Diniz e “O Sexo Feminino”

Publicado pela primeira vez em 1873, em Minas Gerais, como um instrumento de educação das mulheres. O periódico defendia a emancipação e a independência feminina, buscando libertá-las da sujeição ao “sexo forte”. Portanto, Francisca Diniz não apenas questionou as estruturas patriarcais de seu tempo, mas também utilizou a educação e o jornalismo como ferramentas para transformar a sociedade.

O contexto

No século XIX, as mulheres brasileiras viviam sob um regime patriarcal que as relegava ao espaço doméstico, negando-lhes acesso à educação formal e à participação política. Francisca Senhorinha da Motta Diniz, no entanto, emergiu como uma voz dissonante nesse cenário. A intelectual utilizou o jornalismo e a educação para desafiar as convencões sociais e políticas pautadas pelo machismo e pela misoginia. 

Transferência para a Corte

O periódico tinha como objetivo defender a emancipação das mulheres, abordando temas como a educação e a instrução feminina, a luta por direitos e a participação das mulheres na sociedade. Em 1875, o jornal teve sua publicação transferida para a Corte do Império. Inicialmente com publicação semanal, “O Sexo Feminino” também circulou com periodicidade mensal e teve sua publicação interrompida em 1876, retornando em 1889 sob o nome “O Quinze de Novembro do Sexo Feminino”.

Educação e Emancipação

Sendo assim, Francisca Diniz via a educação como o principal instrumento para a emancipação das mulheres. Em suas páginas, ela defendia a educação moral, física e intelectual, argumentando que apenas mulheres educadas poderiam formar cidadãos conscientes e contribuir para o progresso da nação. Além disso, ela destacava a importância da instrução para que as mulheres pudessem conhecer seus direitos, administrar seus bens e não serem enganadas pelos homens.

Primeiro número de "O Sexo Feminino"
Primeiro número de “O Sexo Feminino”. Fonte: Hemeroteca Digital (BN).

Espírito republicano e emancipação feminina

Embora Francisca Diniz afirmasse que “O Sexo Feminino” não era um jornal político, ela frequentemente relacionava a luta pela emancipação das mulheres com eventos políticos importantes, como a proclamação da República. Para ela, a República representava um avanço no caminho da civilização e do progresso, e a emancipação feminina era parte desse processo.

“O seculo XIX, seculo das luzes, não se findará sem que os homens se convenção de que mais de metade dos males que os opprimem é devida ao descuido que elles tem tido da educação das mulheres, e ao falso supposto de pensarem que a mulher não passa de um traste de casa, grosseiro e brusco gracejo que infelizmente alguns individuos menos delicados ousão atirar a face da mulher, e o que é mais as vezes, em plena sociedade familiar!!!”

O Sexo Feminino, edição 01, 1873.

Melhores mães e esposas

Dessa forma, a trajetória de Francisca Senhorinha da Motta Diniz nos convida a refletir sobre os limites e as possibilidades da luta feminina em um contexto profundamente patriarcal. Por um lado, ela defendia a educação e a instrução como caminhos para a emancipação. Por outro lado, suas ideias estavam ancoradas em um projeto de civilização que, muitas vezes, reproduzia hierarquias sociais e raciais da época. Ao mesmo tempo, Francisca acreditava que a educação das mulheres as tornaria melhores mães e esposas, reforçando, em parte, o papel tradicional da mulher na família.

Autonomia intelectual e financeira

No entanto, sua insistência na autonomia intelectual e financeira das mulheres foi revolucionária para seu tempo e continua a nos inspirar a questionar as estruturas que ainda hoje limitam a plena participação feminina na sociedade.

Rupturas e continuidades

Hoje, mais de um século depois, muitas das reivindicações de Francisca Diniz ainda ressoam: a luta por igualdade salarial, o combate à violência contra as mulheres e a busca por representatividade política são desafios que persistem. Isso porque a estrutura patriarcal se consolida e reproduz ao longo do tempo.

Emaniciapação feminina: disputa contínua

Então, sua história nos lembra que a emancipação feminina não é um processo linear. A busca por emancipação está em um campo de disputa que exige a desconstrução de normas sociais enraizadas e a criação de novos espaços de liberdade e igualdade. Para finalizar, Francisca Diniz não apenas lutou por direitos, mas também nos deixou um legado de resistência e coragem. Assim, seu engajamento desafia a repensar o que significa ser mulher em uma sociedade que ainda precisa avançar na direção de condições de vida dignas para as mulheres.

Artigo redigido com apoio de Inteligência Artificial.
Referência Bibliográfica: SOUSA, Joice de; URUZOLA, Patrícia. POLÍTICA POR E PARA MULHERES: A EMANCIPAÇÃO NAS PÁGINAS DE “O SEXO FEMININO”. In: Atas do II Encontro Nacional do GT Estudos de Gênero, Rio de Janeiro, 27 e 28 de outubro de 2016. Rio de Janeiro: Ed. Anpuh-Rio, 2016. p. 895-912.

 

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