São muitas as mulheres protagonistas que desafiaram o seu tempo. É inegável que o cinema tem o poder de popularizar essas protagonistas, oferecendo-nos um vislumbre de suas vidas e os contextos em que atuaram. Assim, filmes como Olga, Harriet e Radioactive são exemplos dessa capacidade. As obras retratam mulheres extraordinárias que desafiaram seu tempo e mudaram o mundo. Vamos refletir um pouco sobre a grandiosidade de suas contribuições?
Olga (2004)
O filme brasileiro tem a direção de Jayme Monjardim e recebeu diversas indicações e prêmios, incluindo o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro em várias categorias, como Melhor Filme, Melhor Atriz (Camila Morgado) e Melhor Roteiro Adaptado.
Olga nasceu em 12 de fevereiro de 1908, em Munique, na Alemanha, numa família judia de classe média com fortes convicções socialistas. Desde cedo, demonstrou interesse por questões políticas e se envolveu em movimentos comunistas.
Na década de 1920, filiou-se à Juventude Comunista da Alemanha e, posteriormente, ao Partido Comunista Alemão (KPD). Sua militância a levou a se envolver em atividades clandestinas e a fugir para a União Soviética em 1928, após ajudar na fuga de um líder comunista preso. Em Moscou, recebeu treinamento militar e político.
A chegada ao Brasil e a Intentona Comunista
Em 1935, sob ordens da Internacional Comunista, Olga foi enviada ao Brasil com a missão de auxiliar Luís Carlos Prestes, líder da Coluna Prestes, na tentativa de deflagrar uma revolução comunista. Para isso, ela viajou disfarçada como sua esposa.
A Intentona Comunista fracassou em novembro de 1935. Logo, Olga e Prestes foram presos. Apesar de estar grávida e de uma campanha internacional pela sua libertação, o governo de Getúlio Vargas a deportou para a Alemanha nazista em 1936.
Olga morreu na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg, na Alemanha, em 23 de abril de 1942.
Uma mulher na luta contra o fascismo e o totalitarismo
Olga foi uma figura emblemática da luta contra o fascismo e o totalitarismo. Portanto, seu engajamento a transformou em um símbolo de coragem e convicção ideológica. Sem dúvida, sua trágica deportação e morte expuseram a brutalidade do regime nazista e a falta de escrúpulos de governos que colaboraram com ele. Sendo assim, sua história continua a inspirar movimentos sociais e a nos lembrar da importância de defender os direitos humanos e a democracia.
Harriet (2019)
Harriet, sob a direção de Kasi Lemmons recebeu indicações ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao SAG Awards de Melhor Atriz para Cynthia Erivo, pela interpretação da protagonista. O filme também recebeu outras indicações por trilha sonora e canção original.
A abolicionista nasceu Araminta Ross, por volta de 1822, em uma plantação no condado de Dorchester, Maryland, nos Estados Unidos. Ela nasceu escravizada e sofreu inúmeros abusos ao longo de sua infância e juventude.
Em 1849, temendo a possibilidade de comércio para o sul, Harriet decidiu fugir para a Filadélfia, na Pensilvânia, um estado livre. Sem dúvida, essa jornada inicial foi extremamente perigosa e marcou o início de sua vida como abolicionista ativa.
Depois da fuga
Após sua fuga, Harriet retornou diversas vezes ao sul, guiando grupos de escravizados para a liberdade através da Underground Railroad. Estima-se que ela realizou cerca de 19 viagens ajudando mais de 300 pessoas a conquistarem a liberdade, sem nunca ter sido capturada.
Durante a Guerra Civil (1861-1865), Tubman serviu como enfermeira, cozinheira, espiã e batedora para o Exército da União. Ela liderou uma incursão armada em 1863, o Raid no Rio Combahee, que libertou mais de 700 escravizados.
“Eu havia pensado nisso; havia uma de duas coisas às quais eu tinha direito, liberdade ou morte; se eu não pudesse ter uma, eu teria a outra.” – Harriet Tubman, 1886 .
Pós-Guerra e Falecimento
Após a guerra, Harriet dedicou-se a causas humanitárias e à luta pelos direitos das mulheres. Ela se casou com Nelson Davis, um veterano da Guerra Civil, e adotou uma filha. Harriet Tubman faleceu de pneumonia em 10 de março de 1913, em Auburn, Nova York.
A sociedade estadunidense lembra de Harriet como uma heroína americana e um símbolo de resistência contra a escravidão. Portanto, sua atuação foi crucial para o movimento abolicionista e para a eventual abolição da escravidão nos Estados Unidos.
Ao desafiar um sistema opressor, demonstrou a capacidade de indivíduos resistirem à injustiça. Dessa forma, sua liderança inspirou inúmeros escravizados a buscar a liberdade.
Radioactive (2019)
Radioactive conta a história de Marie Curie, com a interpretação de Rosamund Pike, sob a direção de Marjane Satrapi. O filme recebeu algumas indicações em festivais de cinema, mas não obteve grandes premiações. No entanto, a atuação de Rosamund Pike como Marie Curie foi amplamente elogiada.
Maria Skłodowska nasceu em 7 de novembro de 1867, em Varsóvia, na Polônia, então parte do Império Russo. Filha de professores, demonstrou desde cedo grande inteligência e sede de conhecimento. Em 1891, mudou-se para Paris porque não era fácil para as mulheres estudarem na Polônia. Aí, ela ingressou na Sorbonne, onde se destacou estudando física e matemática.
Em 1894, conheceu o físico Pierre Curie, com quem se casou em 1895. Juntos, dedicaram-se ao estudo dos raios descobertos por Henri Becquerel. Em 1898, o casal anunciou a descoberta de dois novos elementos radioativos: o polônio (nomeado em homenagem à Polônia) e o rádio.

Prêmios Nobel
Marie Curie fez história ao se tornar a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel em 1903, em Física, juntamente com seu marido Pierre Curie e Henri Becquerel, por suas pesquisas sobre o fenômeno da radiação. Após a trágica morte de Pierre em 1906, Marie continuou suas pesquisas e, em 1911, recebeu um segundo Prêmio Nobel, desta vez em Química, pela descoberta dos elementos polônio e rádio e pelo isolamento do rádio metálico. Sendo assim, ela é a única pessoa a ter o reconhecimento do Prêmio Nobel em duas ciências diferentes.
Primeira Guerra Mundial e Legado
Durante a Primeira Guerra Mundial, Marie Curie dedicou-se a desenvolver o uso de unidades móveis de raios-X para auxiliar no diagnóstico de soldados feridos. Então, ela faleceu em 4 de julho de 1934, aos 66 anos, de anemia aplástica, provavelmente causada pela exposição prolongada à radiação ao longo de sua carreira.
Marie Curie foi uma cientista pioneira que revolucionou a física e a química com suas descobertas sobre a radioatividade. Assim, sua dedicação incansável à pesquisa e sua perseverança em um campo dominado por homens abriram caminho para inúmeras aplicações na medicina, como a radioterapia, e em outras áreas da ciência e tecnologia.
Com sua atuação, acabou contribuindo para quebrar barreiras que limitavam as mulheres no campo científico.
Três protagonistas, diferentes contribuições para o mundo
Os filmes são excelentes recursos para conhecer biografias e contribuições para o engrandecimento da sociedade. Por muito tempo, a história não reconheceu a atuação das mulheres como protagonistas. Os filmes sobre as vidas de Olga Benário Prestes, Harriet Tubman e Marie Curie preenchem essa lacuna. Elas foram protagonistas de suas vidas. De tal forma que suas atuações potentes revelam seus feitos, as circunstâncias nem sempre amistosas e a força de suas histórias. Seus filmes são mais do que biografias; são celebrações da resiliência, da coragem e da capacidade transformadora de mulheres que desafiaram seus tempos e moldaram o mundo em que vivemos.
Por fim, aqui no blog há outras dicas de filmes que retatam mulheres protagonistas ao longo da história, a exemplo de Zuzu Angel. Confira!