Maria Sibylla e as mulheres na ciência

Maria Sibylla Merian é um nome fundamental para conhecer sobre a História das mulheres na ciência. Merian nasceu no dia 2 de abril de 1647, na Alemanha. Ela foi uma das primeiras naturalistas a observar e registrar insetos, portanto, um exemplo de protagonismo feminino. Existe uma forte influência familiar na formação de Merian. Embora ela tenha convivido pouco com o pai, pois ele faleceu quando ela tinha 3 anos apenas, é preciso considerar que ele foi um importante editor de livros e ilustrador. Após a sua morte, sua mãe se casou com um aprendiz do pintor Georg Flegel e pintor de natureza morta. Foi com o padrasto que Merian partilhou suas primeiras curiosidades a respeito do mundo dos insetos. Logo, ele a incentivou a registrar suas observações por meio das ilustrações. 

Aos 18 anos, Maria Sibylla se casou com o Johann Andreas Graff com quem teve duas filhas. 

Ricos jardins

Casada e morando em Nuremberg, Merian continuou os estudos e fazendo ilustrações. Estudiosa e dedicada, se tornou professora e deu aulas de desenho para filhas solteiras de famílias ricas, o que ajudou financeiramente a família e elevou seu status social. Ao mesmo tempo, frequentar residências suntuosas permitiu à ilustradora observar seus jardins e registrar suas plantas e insetos. Merian foi pioneira ao registrar as diferentes fases da vida dos insetos, especialmente das borboletas e mariposas. Além disso da qualidade artística, o trabalho de Merian se destacava porque ela fazia suas ilustrações a partir de espécimes vivos. Muitas de suas ilustrações se deram a partir da observação dos hábitos alimentares dos insetos, caracterizando ainda mais seu trabalho como científico. Naquele contexto, os ilustradores se serviam de animais mortos para seus trabalhos. 

Por outro lado, é preciso considerar que no século XVII as mulheres não tinham muitas oportunidades de estudo. Da mesma forma, não tinham reconhecimento pelo trabalho científico. 

O divórcio e a venda de suas pinturas

Merian e a família se mudaram para Frankfurt, em 1678. Três anos depois, com o falecimento do seu padrasto, ela foi morar com sua mãe. Em 1690, sua mãe faleceu e logo depois ela se separou de Joahann. Vender suas pinturas foi a forma que ela encontrou para sustentar a si e suas filhas e significou sua autonomia financeira num contexto histórico hostil para as mulheres. 

Maria Sibylla Merian, Placa 18 de A transformação maravilhosa das lagartas e o estranho alimento floral, Uma flor de macieira, uma mariposa cigana pondo ovos e uma lagarta chocando, 1679. História da arte.

Expedição para o Suriname 

No ano de 1699, ela obteve uma autorização para viajar ao Suriname, junto de sua filha mais nova, Dorothea Maria. Em 10 de julho, as duas embarcaram no porto da cidade com o  objetivo de passar cinco anos ilustrando novas espécies de insetos. Então, ela vendeu 255 pinturas para financiar sua viagem. Além disso, parte de sua expedição foi financiada pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. Em setembro daquele ano elas chegaram na colônia. 

Novos desafios no Suriname

Merian trabalhou na colônia por dois anos. Ela se estabeleceu em uma fazenda produtora de açúcar, o principal produto daquela colônia. Lá, ela desenhou animais e plantas, registrou os nomes nativos de plantas e descreveu seus usos medicinais. Ao mesmo tempo, ela também condenou o tratamento destinado à população escrava e consultou muitos deles para seus registros. Merian não foi bem recebida pelos comerciantes locais, fosse pelo machismo, por sua proximidade com os escravizados e também por um certo desprezo por seu trabalho.

A experiência na colônia permitiu que Merian observasse e registrasse espécimes absolutamente diferentes dos que ela conhecia, considerando o ecossistema tropical do Suriname.

O retorno para a Europa e seu falecimento

No ano de 1701, Maria contraiu malária e voltou para a Europa.  Chegando em Amsterdã, a ilustradora abriu uma loja e começou a vender espécimes, pinturas, gravuras e livros sobre o Suriname. Novamente, com seus próprios recurso, ela publicou o livro Metamorphosis Insectorum Surinamensium, em 1705. A publicação foi sucesso e influenciou o meio científico e o artístico do século XVIII.

Merian continuou trabalhando, a despeito de graves questões de saúde provocadas por um AVC, em 1715. Ela faleceu dois anos depois, com 69 anos.  Sua filha Dorothea ainda publicou obras póstumas de sua mãe.

Mulheres na ciência e no teatro  

Considerando a importância de ensinar às crianças sobre o protagonismo feminino, um grupo de mulheres criou o espetáculo teatral “Maria e os insetos”. O grupo se chama “Companhia Delas”, formada apenas por atrizes, e com o compromisso de contar para crianças e adultos histórias de vida de mulheres que mudaram o curso da ciência.

A história aborda temas como determinação, coragem e persistência, todos muito presentes na trajetória de Maria Sibylla Merian.

História das mulheres na ciência

Segundo publicação DailyArt, Maria Sibylla alterou os rumos da ciência porque, até as suas descobertas, acreditava-se que os insetos surgiam da lama ou da putrefação de carnes. Ela é considerada uma das primeiras ecologistas do mundo. Sendo assim, a história de Merian merece ganhar publicidade, pois, exemplifica como as mulheres protagonizam a própria vida. Suas iniciativas são de extrema relevância para a história das mulheres e para a história das mulheres na ciência. A título de conclusão, considera-se a atitude de viajar apenas na companhia de sua filha para outro continente, sem a presença de um homem, custeando a própria expedição como um ato revolucionário para a sua época. 

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