Mulheres no Oscar 2025
Os 5 filmes indicados ao Oscar de melhor atriz no ano de 2025 deram o que falar entre grupos de mulheres. Para além da torcida pela atriz Fernanda Torres, os debates passaram por temas como prostituição e etarismo, temáticas dos filmes A substância e Anora. Em A substância Demi Moore interpreta uma celebridade em declínio que busca recursos farmacológicos para criar uma versão mais jovem de si mesma. Já Anora, é uma jovem prostituta que parece ter conhecido o príncipe encantado que a tiraria daquele destino. A respeito de Anora, vozes feministas questionaram o diretor do filme por uma narrativa que, mais uma vez, coloca o corpo jovem feminino no lugar do consumo. Em simultâneo, a Academia, ao premiar o longa, teria validado narrativas machistas, misóginas e etaristas. Pensando nisso, selecionamos 5 filmes dirigidos por mulheres e que abordam questões femininas essenciais.
Retrato de uma Jovem em Chamas, de Céline Sciamma (França, 2019)
Trata-se de uma obra-prima visual e narrativa. Este filme nos transporta para a Bretanha do século XVIII e lá acompanhamos o romance proibido entre a pintora Marianne e a jovem Héloïse. Ao longo do filme, Sciamma explora o desejo feminino com sensibilidade e sutileza, construindo uma atmosfera poética e inesquecível. Ao fim, o filme é um testemunho do poder da arte e do amor a despeito das restrições sociais.
A diretora francesa se destaca por abordar questões femininas e de sexualidade em seus filmes. Portanto, ela é elogiada por quem acompanha seu trabalho pela sensibilidade ao abordar temas delicados.
Que Horas Ela Volta? de Anna Muylaert (Brasil, 2015)
Em Que horas ela volta? Val (Regina Casé) é uma empregada doméstica pernambucana que se mudou para São Paulo, buscando oportunidades de trabalho. O tratamento que recebe da família para a qual trabalha passa pelo discurso tão difundido no Brasil que diz “é como se fosse da família”. Jéssica, sua filha cresceu longe dela. Ao completar 18 anos, a menina vai para São Paulo e fica com a mãe na casa dos patrões porque deseja prestar vestibular. A situação acaba desencadeando inúmeros conflitos cotidianas que revelam em profundidade os tensionamentos de classe social entre patrões e empregados. Com um olhar afiado, Muylaert aborda temas sensíveis como maternidade, feminismo, economia do cuidado e desigualdade social com humor e inteligência. Mas, não apenas isto. Assim, o filme acaba revelando as complexidades do Brasil contemporâneo de maneira tocante e reflexiva.
Amor Maldito, de Adélia Sampaio (Brasil, 1984)
Este é um filme pionero. Em primeiro lugar, é o primeiro filme brasileiro dirigido por uma cineasta negra, Adélia Sampaio. Em segundo, o filme aborda a história do relacionamento entre duas mulheres, Fernanda e Sueli, num contexto pós ditadura; isto é, em um contexto de preconceito e repressão. Sueli não suporta os julgamentos de sua família acerca do seu relacionamento e tira a própria vida. Por outro lado, a família de Sueli acusa Fernanda por sua morte. Na época, o filme acabou rotulado como pornochanchada e a exibição só aconteceu em 8 salas de cinema. Além de sua importância histórica, a obra é um retrato corajoso e necessário da luta por representatividade e diversidade no cinema.
Persépolis, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud (França, 2007)
Persépolis é uma animação autobiográfica de Marjane Satrapi. O filme conta a história de uma jovem iraniana que cresce durante a Revolução Islâmica. Marjane passa sua infância/adolescência tentando escapar das restrições culturais do seu país para viver a intensidade desta fase da vida. Assim, Satrapi e Paronnaud exploram temas como identidade, exílio e feminismo com humor, sensibilidade e um estilo visual único e marcante. Uma obra que transcende fronteiras e gerações.
As Sufragistas, de Sarah Gavron (França | Reino Unido, 2015)
Este é um filme que retrata a luta das mulheres pelo direito ao voto na Inglaterra do início do século XX. A despeito de anos e anos de luta pelo direito ao voto, as mulheres permaneciam sem direitos políticos. Sarah Gavron construiu uma narrativa sesível e comovente sobre a coragem e a determinação das sufragistas, que desafiaram o sistema e lutaram por igualdade. O longa é uma homenagem poderosa àquelas que pavimentaram o caminho para os direitos das mulheres.

Mulheres colocam mulheres no centro
Esses cinco filmes são apenas uma amostra do vasto universo de obras dirigidas por mulheres. Cada um deles é um convite para refletir sobre a força, a complexidade e a diversidade das experiências femininas. Os filmes abrem espaço para novas perspectivas e narrativas no cinema, há tanto tempo dominado majoritariamente por homens. Por fim, esses filmes servem como comparação: quando homens falam sobre mulheres, tendem a falar sobre seus corpos, num apelo sexual. As narrativas masculinas sobre as mulheres reforçam esterriótipos e discursos de opressão. Por outro lado, mulheres quando falam sobre mulheres destacam feitos, protagonismo e inovação. Sendo assim, que essas histórias inspirem mais mulheres a contar suas próprias histórias